A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (29) a venda de sua participação no bloco exploratório BM-S-8, localizado na Bacia de Santos, para a companhia norueguesa Statoil. Trata-se do primeiro lote entregue a uma multinacional desde o início do governo provisório de Michel Temer.
O preço para a participação no bloco exploratório foi definido em US$ 2,5 bilhões, que integram o programa de alienação de ativos que a companhia leva adiante. O objetivo é arrecadar US$ 14,4 bilhões só em 2016.
Como revelado pelo jornal O Globo, a escolha da atual direção é a de vender pedaços da empresa para pagar o “elevado endividamento” da Petrobras - algo em torno de R$ 450 bilhões. A justificativa para a eleição deste campo em particular seria a sua demora para que entrasse em operação - mesmo com investimento, serão necessários ao menos mais cinco anos para que ele passe a funcionar.
“O que está se ensaiando é gravíssimo para o futuro da Petrobras. Diferente das tentativas anteriores de privatização, o plano agora é desmontar a Petrobras aos pedaços. Não é só a Bacia de Santos que está sendo negociada - existem vendas no nordeste, nos polos petroquímicos”, explicou à CTB o coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte (Sindipetro-RN), José Araújo. “Esse negócio de vender ativos para pagar dívida não faz sentido. A dívida total da Petrobras, apesar de ser alta, é um compromisso de longuíssimo prazo, normal neste setor. Tem capitalização que a Petrobras faz para um prazo de 100 anos! Com tantos trilhões de dólares em petróleo esperando extração, vender uma plataforma só para pagar uma pequena parcela dessa dívida é simplesmente irracional”, continuou.
Esse é o consenso entre os petroleiros da Federação Única dos Petroleiros, que classificaram a dívida da estatal como “irrisória” diante das oportunidades econômicas do pré-sal. Em manifesto da campanha “Todo o Petróleo Tem que Ser Nosso”, a categoria manifesta apoio integral à exploração estatal do recurso no Brasil: “A Petrobras tem um patrimônio gigantesco de óleo e gás no pré-sal, sendo que a dívida da empresa, somada aos desvios estimados, representa não mais que 1% desse patrimônio”.
O campo do Carcará, que engloba o BM-S-8, tem um dos maiores potenciais de exploração de todo o pré-sal, com bilhões de barris submersos. Antes da venda, ele era operado pela Petrobras, que detinha 66% de toda a operação, em parceria com a Petrogal Brasil (14%), a Queiroz Galvão Exploração e Produção (10%) e a Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás (10%). Com a venda, a Statoil ganha também prioridade na compra dos blocos vizinhos, tornando-se virtualmente a detentora do campo.
Portal CTB
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