O Brasil é um dos
países mais violentos do mundo para as mulheres. Um estudo divulgado pelo
Escritório das Nações Unidas para Crime e Drogas revela que, no país, a taxa de
homicídios femininos é de quatro mulheres mortas para cada grupo de 100 mil
mulheres, ou seja, 74% superior à média mundial que é de 2,3 mortes para cada
100 mil mulheres.
Para debater essa
triste realidade, foi realizado na última semana, na cidade de Varginha, região
Sul de Minas Gerais, o Seminário de Prevenção à Violência Doméstica. O evento
aconteceu no Teatro Mestrinho do Colégio Marista e reuniu especialistas,
professores, estudantes e movimentos sociais. A Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil no Estado (CTB-MG) foi representada pela professora
Mônica Cardoso. Ela integra o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, em
Varginha, pelo Sindicato dos Professores (Sinpro-MG) e a CTB-MG.
Segundo a educadora, a
iniciativa do governo Bolsonaro de flexibilizar o porte de armas no país vai agravar
o quadro de violência contra as mulheres.
“Sou totalmente contra
essa medida que flexibiliza o porte de armas. O índice de violência de gênero e
feminicídio, que já é elevado, tende a aumentar. Dados mostram que a violência
contra as mulheres se intensificou. A cada semana, morrem 33 mulheres no
Brasil”, afirma Mônica Cardoso, que participou da palestra de abertura do
seminário. Na ocasião, foi apresentado um projeto da Polícia Militar (PM) que
oferece assistência às vítimas e orienta os agressores.
Já a professora Mônica
Cardoso destacou o trabalho da Rede de Enfrentamento Contra a Violência de
Gênero de Varginha, além de propor a abertura para a entrada do Coletivo
Feminismo Popular de Varginha à rede. A proposta foi aprovada pelos
participantes durante do seminário.
Fases da violência
A violência doméstica
caracteriza-se por várias fases. São elas, aumento da tensão, ato de violência,
arrependimento e comportamento carinhoso. A professora Mônica Cardoso destacou
cada uma dessas fases durante palestra ministrada na Fundação Varginhense de
Assistência Aos Excepcionais (FUVAE).
Veja abaixo:
Fase 1: Aumento da Tensão
Nesse primeiro momento, o agressor mostra-se tenso e irritado
por coisas insignificantes, chegando a ter acessos de raiva. Ele também humilha
a vítima, faz ameaças e destrói objetivos.
A mulher tenta acalmar o agressor, fica aflita e evita qualquer
conduta que possa “provocá-lo”. As sensações são muitas: tristeza, angústia,
ansiedade, medo e desilusão são apenas algumas.
Em geral, a vítima tende a negar que isso está acontecendo com
ela, esconde que fez algo de errado para justificar o comportamento violento do
agressor ou que “ele teve um dia ruim no trabalho”, por exemplo. Essa tensão
pode durar dias ou anos, mas como ela aumenta cada vez mais, é muito provável
que a situação levará à fase 2.
Fase 2: Ato de
Violência
Esta fase corresponde à explosão do agressor, ou seja, a falta
de controle chega ao limite e leva ao ato violento. Aqui, toda a tensão
acumulada na fase 1 se materializa em violência verbal, física, psicológica,
moral e patrimonial.
Mesmo tendo consciência de que o agressor está fora de controle
e tem um poder destrutivo grande em relação à sua vida, o sentimento da mulher
é de paralisia e impossibilidade de reação. Aqui, ela sofre de uma tensão
psicológica severa (insônia, perda de peso, fadiga constante, ansiedade) e
sente medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor.
Nesse momento, ela também pode tomar decisões, como buscar
ajudar, denunciar, esconder-se na casa de amigos e parentes, pedir a separação
e até mesmo suicidar-se. Geralmente, há um distanciamento do agressor.
Fase 3: Arrependimento e Comportamento Carinhoso
Também conhecida como “lua de mel”, essa fase se caracteriza
pelo arrependimento do agressor, que se torna amável para conseguir a
reconciliação.
Há um período relativamente calmo, em que a mulher se sente
feliz por constatar os esforços e as mudanças de atitude, lembrando também os
momentos bons que tiveram juntos. Como há a demonstração de remorso, ela se
sente responsável por ele, o que estreita a relação de dependência entre vítima
e agressor.
Um misto de medo, confusão, culpa e ilusão fazem parte dos
sentimentos da mulher. Por fim, a tensão volta e, com ela, as agressões da fase
1.
Fonte: Imprensa/Sindicato
Fotos: CTB-MG
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