O Seminário “Pelo Futuro do Trabalho”, organizado pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com as Centrais Sindicais
e outras entidades, aconteceu na manhã dessa quinta-feira (24), no Museu do
Amanhã, centro do Rio de Janeiro. A atividade reuniu representantes do
empresariado, do movimento sindical e do governo para discutir a questão
do trabalho em tempos de quarta revolução industrial. A Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais (CTB-MG) foi
representada pela sua presidenta, Valéria Morato.
O presidente da CTB nacional, Adilson Araújo, também esteve
presente e compôs a mesa de debates do primeiro painel, cujo tema era “Transformações
no sistema produtivo e o futuro do Trabalho”. Ao lado de representantes da CUT,
da OCDE e da própria CNI, Adilson debateu os impactos das mudanças tecnológicas
nas atividades econômicas, principalmente na indústria, no mercado de trabalho
brasileiro em geral e, principalmente, na Classe Trabalhadora.
Adílson Araújo apresentou
a nota técnica produzida pela central sindical e defendeu mais investimentos em
pesquisa e produção de conhecimento.
“Esse encontro é
singular. Tudo que mais desejamos é discutir uma política industrial
contemporânea. No curso do desastre econômico, social e político que
assistimos, nada mais adequado do que um pacto da produção com o trabalho.” –
defendeu Adilson.
O Presidente da CTB
também fez críticas à Reforma Trabalhista e colocou a defesa da Soberania
Nacional e da Democracia como pilares para o crescimento das forças produtivas.
“Eu não tenho dúvidas
que a possibilidade do crescimento das forças produtivas, com elevação da
produtividade e recorrente processo valorização do trabalho se assenta na
defesa da soberania e da democracia.”
Na mesma linha, a
Presidenta da CTB Minas Gerais, Valéria Morato, afirmou que a Central atua na
construção do diálogo com Federações de Indústria e Comércio e disse ver, nesse
diálogo, caminhos para evitar que o país entre em um colapso social.
“É preciso ter diálogo
entre ambas as partes. Diálogo e boa vontade para solucionar os problemas.
Estamos em um momento que a atual postura do governo não atende nem uma parte,
nem outra. Não cria perspectivas nem para os empresários e nem para os
trabalhadores. Nossa unidade pode tirar o Brasil de vivenciar, em pouco tempo,
um colapso social como vivem Equador e Chile.”
Outro Presidente
Estadual da CTB presente no seminário foi Paulo Sérgio Farias, Presidente da
CTB-RJ, que avaliou como positiva a realização do seminário, embora teça
críticas a alguns entendimentos sobre o momento vivido pela Indústria
Brasileira.
“O evento foi um marco
importante no sentido da busca do estabelecimento de uma pauta convergente
entre o setor produtivo e a classe trabalhadora. A busca de frear a
desindustrialização, construir consensos em determinadas pautas, resgatar os
empregos e se possível, restabelecer uma ideia de política industrial no país na
quadra atual. O debate que se deu em torno do advento da quarta revolução
industrial precede o entendimento sobre o estágio atual da indústria, sobre a
necessidade de investimentos maciços na educação, na geração de conhecimento e
domínio sobre ele, que passa efetivamente, pela defesa da democracia e da
soberania. O dado objetivo desse debate é que deve ser buscado no âmbito do
Congresso Nacional e nos demais fóruns de intermediação dos conflitos inerentes
à dinâmica entre capital e trabalho.” – afirmou
Sindicatos da base da CTB marcam presença no Seminário
Sindicatos importantes
da base social da CTB no Rio de Janeiro também marcaram presença no debate. Foi
o caso, por exemplo, do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro. O
Presidente do Sindimetal-Rio, Jesus Cardoso, falou com o Portal CTB, e defendeu
um caminho para buscar o crescimento da indústria nacional:
“Foi muito importante
estar aqui hoje. Nesse momento de crise, buscamos essa sinergia para buscar o
emprego. O foco, hoje, tanto da indústria, como do trabalhador, é no emprego.
Então, nada mais natural que capital e trabalho buscarem fazer o governo
entender que sem consumidor, não tem empresa. E sem empresa, não tem
trabalhador. É esse objetivo desse diálogo com a CNI, SESI SENAI e outras entidades:
buscar um caminho de crescimento da Indústria Nacional.”
O Sindicato dos
Metalúrgicos de Angra dos Reis e Região foi outra entidade presente no debate.
A Presidenta do Sindicato, Cristiane Marcolino, também falou com exclusividade
ao Portal CTB, e lembrou da necessidade do governo federal atuar na
qualificação e reinserção de trabalhadores no mercado de trabalho:
“Para o Sindicato dos
Metalúrgicos, é fundamental esse debate que fala sobre o futuro dos
trabalhadores, qualificação e requalificação. Hoje, temos mais de 13 milhões de
pessoas desempregadas, muitas outras em empregos informais, e isso faz que haja
uma preocupa sobre a reinserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Esse
debate é muito importante, e foi feito na presença do representante do Ministério
da Economia. Espero que ele tenha compreendido tudo que foi dito e que o
governo federal passe a trabalhar de forma forte para qualificar e requalificar
os trabalhadores.”
O Presidente do
Sintsama-RJ, Humberto Lemos, também esteve presente na atividade e demonstrou
preocupação com o futuro. Para Humberto, a Classe Trabalhadora precisa se
organizar sindicalmente para resistir.
“É importante
participar desses debate para ver, nesse mundo globalizado, como que o patrão
está tratando a questão do trabalhador. A gente fica meio apreensivo com essa
mudança toda e com o massacre feito sobre a classe trabalhadora, Precisamos
estar organizados sindicalmente pois o que vem por aí não é coisa boa. Os
trabalhadores precisam sair da defensiva e participar desses fóruns para
discutir as questões que assolam todo país.”
Após o Seminário,
representantes das Centrais Sindicais e das entidades patronais se reuniram
para construção de um documento conjunto que será encaminhado aos Deputados
Federais em Brasília. O documento apontará propostas consensuais entre as
partes no sentido de crescimento da atividade industrial, aumento do emprego e
valorização do trabalho.
O cetebista, e
ex-deputado federal, Assis Melo, também passou pelo Museu do Amanhã nesse dia
de intenso debates e ressaltou que é papel das Centrais Sindicais construir
esse diálogo nacional.
“Esse tema, o futuro do
emprego, faz parte da discussão dos trabalhadores e do setor produtivo. Nós
precisamos criar uma política que gere empregos de qualidade e valorize o
trabalho. A CTB, desde sua fundação, tem esse princípio. Dialogar com o setor
empresarial é importante para que a gente consiga construir bases mínimas para
o desenvolvimento nacional. Essa questão da quarta revolução nos preocupa, pois
vai gerar impacto no ponto de vista do emprego, e nós precisamos ver como vamos
enfrentar isso. A CTB, tal qual as centrais sindicais, tem, então, esse
importante papel de construir esse diálogo nacional.”
CTB-MG com informações da CTB nacional
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