22 de abr. de 2020

Trabalhadores da Fiat garantem 195 dias de estabilidade no emprego

                  Alex Custodio, presidente recém-empossado do Sindicato 
Uma proposta costurada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região (MG) garante estabilidade no emprego para os 10.150 trabalhadores da Fiat em Betim. Devido à pandemia do coronavírus e à necessidade de quarentena, a montadora interrompeu a produção, fechou a fábrica mineira temporariamente e planejou demissões. Mas, com a medida aprovada, nenhum funcionário da empresa será cortado nos próximos 195 dias (seis meses e meio).
Em função do distanciamento social, a assembleia que aprovou a proposta, com 98,54% dos votos, ocorreu pela internet, no site do sindicato, na última quinta-feira (16). Milhares de trabalhadores da Fiat votaram ao longo do dia, num processo que teve uma das maiores adesões dessa categoria nos últimos anos.
Além da estabilidade no emprego, todos os benefícios já previstos no Acordo Coletivo de Trabalho entre sindicato e Fiat estão mantidos. “Vale lembrar que já temos mais de 90 cláusulas de direitos e benefícios acordadas com a Fiat. Por isso, era importante que essa proposta mantivesse integralmente os benefícios”, afirma o sindicalista Alex Custodio, que acaba de assumir a presidência da entidade.
As garantias de emprego e benefícios foram as exigências do sindicato para que os trabalhadores abrissem mão de um pequeno percentual de seus salários e da jornada de trabalho, por um período de 90 dias (três meses). Segundo Alex, “a prioridade nas negociações foi preservar os empregos, evitar retrocessos e proteger ainda mais a vida dos trabalhadores durante a pandemia”.
Os metalúrgicos da Fiat que estão no grupo de risco para o coronavírus não trabalharão nesse período, nem terão redução salarial. Já os demais funcionários – em troca da estabilidade no emprego e do recebimento de 100% dos benefícios – aceitaram receber, por três meses, entre 80% e 95% da remuneração líquida.
Trabalhadores que recebem até R$ 2.857,80, por exemplo, terão um desconto salarial de 5% e vão ganhar 95% da remuneração líquida nestes três meses. Já o desconto de quem recebe de R$ 2.857,81 a R$ 6.535,80 será de 10%. Essas duas faixas abrangem a imensa maioria dos funcionários da Fiat. Os salários, nestes 90 dias, serão pagos pela empresa, com complemento do governo federal, através do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda.
Um dos méritos do sindicato no acordo foi impedir que a Fiat recorresse às novas medidas da gestão Jair Bolsonaro, que permitem redução drásticas de salários, retirada de direitos e negociações individuais (sem a participação no sindicato). “Mesmo diante de inúmeras dificuldades, essa diretoria se manterá sempre em defesa dos trabalhadores”, concluiu Alex.
Fonte: André Cintra -Vermelho


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