Publicado no Blog do Gilson Reis, presidente da CTB Minas.
Ao relembrar a história brasileira, nos deparamos com ditaduras e períodos de grande angústia e incertezas. Momentos em que a jovem democracia foi destituída de seus propósitos republicanos e transgredida pela ação política, ideológica e jurídica com viés fascista. Ainda hoje lutamos para reescrever nossa história, enterrar nossos mortos e fazer justiça para punir aqueles que, amparados pelo estado policial, prendeu, torturou e assassinou milhares de brasileiros e brasileiras.
Ilustração publicada no Blog do Gilson Reis
O objetivo não é fazer um resgate da história, mas apenas relembrar que são nesses momentos de totalitarismo e de ausência de democracia que leis são impostas pelo poder executivo, ferindo o poder legislativo e a normalidade institucional vigente. A prática é utilizada em larga escala nos momentos de ausência de liberdade, como forma de impor uma posição autoritária e anti-democrática.
Foi assim em dezenas de decretos de leis outorgados pela ditadura Vargas e pela ditadura militar. Quem não se lembra da Lei Falcão, que restringiu o processo eleitoral de 1974 como forma de proteger e alongar o regime militar? Quem não se lembra do AI5, que suspendeu a Constituição de l946, dissolveu o Congresso brasileiro, suspendeu as liberdades democráticas individuais, alterou o Código de Processo Penal, entre outras medidas?
Dizem os autocráticos que a elaboração de leis patrocinadas pelo executivo é necessária para garantir a ordem e dar proteção ao Estado contra a deteorização do poder legislativo. Não me consta que Minas e o Brasil vivam nesse momento da história qualquer crise institucional. Muito pelo contrário. Vivemos o momento mais longo de estabilidade política da República.
Charge publicada no Blog: http://www.conversaafiada.com.br/
São sete as leis delegadas propostas pelo governador Anastasia. Cada uma das leis é acompanhada de centenas de artigos. Pela sua extensão e profundidade não pretendo analisar a totalidade das propostas, mas indicar algumas das diretrizes que considero perigosas e injustificáveis.
Primeiro: a contratação de 1,3 mil cargos de confiança do governador. Conforme analistas do próprio estado, o custo anual dessas contratações está estimado em 55 milhões de reais.
Segundo: a criação de escritórios políticos do governo de Minas em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Os escritórios terão estruturas física e humana compatíveis com verdadeiros comitês eleitorais.
Terceiro: O governo de Minas criará mais seis secretarias de Estado para ajustar os compromissos de campanha com os aliados, transformando a administração pública num verdadeiro cabide de emprego.
Quarto: O governo de Minas constituirá em seu gabinete uma poderosa estrutura de governo paralelo, ou seja, um governo dentro do governo, para tratar de assuntos estratégicos e que envolvem grandes cifras de recursos.
Essas quatro diretrizes estão presentes nas leis delegadas propostas pelo governador Anastasia. Está contida nelas de forma explícita uma estratégia política que ultrapassa a governabilidade de Minas Gerais e mira a sucessão presidencial de 2014. O governador, aliado de Aécio, sob o olhar complacente da maioria dos deputados estaduais e envolto num profundo silêncio da mídia mineira, dá início aos primeiros movimentos para consolidar a candidatura do neto de Tancredo Neves à presidência da República.
O povo mineiro não pode permitir que o governador Antonio Anastasia utilize recursos públicos para contratar cabos eleitorais, estruturar campanhas, inchar a máquina do Estado para acomodar aliados e criar estrutura de governo paralelo para facilitar possíveis esquemas.
Minas disse não à lei Falcão e dirá não a lei tucanão!
Pelo fim das leis delegadas, pelo fim de governos autocráticos, pela liberdade e transparência na vida política de Minas.
Gilson Reis é presidente da CTB Minas e do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas).
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