“Como os companheiros e companheiras do Movimento Sindical
têm observado nos últimos meses, um sentimento de revolta e indignação
tomou conta dos trabalhadores metalúrgicos de Jacutinga e região. Num ato
democrático de estado de direito, fundamos o Sindimetal de Jacutinga e Região.
Antes do ato de fundação, procuramos o sindicato de Pouso
Alegre para oferecer à diretoria a possibilidade de defender a unidade. Mesmo após
o desmembramento, tentamos preservar, o tempo todo, a integridade física e
moral de cada um de nós, pais e mães de família.
Mas, como é de costume e prática de alguns dirigentes da CUT,
que quando vêem que não vão conseguir ganhar na democracia tentam vencer na
base da repressão, tais dirigentes trouxeram “bate paus” do ABC paulista para cumprir
seus objetivos na base do pau. No entanto, com o respaldo da Justiça,
conseguimos garantir nossa assembleia e fundar nosso Sindicato.
O sindicato de Pouso Alegre vem tendo sucessivas derrotas na
tentativa de impugnar o Sindimetal - já perderam três tentativas de liminares
para impedir nossas assembleias. Também tentaram minha expulsão do sindicato de
Pouso Alegre, mas ganhei na Justiça uma antecipação de tutela, garantindo minha
permanência na entidade.
Não tenho a intenção de continuar como diretor do sindicato
de Pouso Alegre, mas quero deixar a entidade com a mesma dignidade que entrei,
pela porta da frente e com trabalho de base. Da mesma forma, quero sair para
cuidar desta nossa nova empreitada, que é a defesa dos metalúrgicos de Jacutinga
e Região.
Na sexta-feira 17, em mais uma tentativa desesperada de
barrar nossa ascensão sindical, Jacutinga foi tomada por cerca de 30 jagunços
do ABC paulista, alguns diretores do sindicato de Pouso Alegre, pelo secretário-geral
da CUT, Carlos Magno; pelo representante da CUT Regional, Moringa, entre
outros.
O sindicato de Pouso Alegre é administrado como se fosse a
casa do presidente, e não da forma como a categoria gostaria que fosse. Eles
não fazem cumprir direitos básicos dos trabalhadores previstos na Convenção
Coletiva de Trabalho (CCT), como auxílio creche.
Nem mesmo casos graves de assédio moral e sexual são levados
a cabo pelo sindicato de Pouso Alegre, que tempos atrás foi condenado pela
Justiça a indenizar uma trabalhadora assediada dentro da própria entidade.
Além de não lutar pelos interesses dos trabalhadores, o
sindicato de Pouso Alegre tem feito justamente o contrário. Quem não se lembra
do acordo de banco de horas na Delphi, assinado por Carlão, que achatou o
salário dos metalúrgicos por dois anos quando a empresa se instalou em Jacutinga?
E dos acordos de PLR da Kidde, de Ouro Fino, fechados por telefone com a
representante da empresa? Não bastasse, a direção do sindicato de Pouso Alegre
também admitiu que a MG Sul, de Ouro Fino, parcelasse os salários atrasados em até
quatro parcelas.
A hipocrisia é tamanha que fica difícil descrever. Na última
eleição, um quarto dos votos que elegeram a chapa 1 saiu de Jacutinga, sem o
qual não teriam quórum e poderiam perder a
direção do sindicato. Com o desgaste do sindicato em Pouso Alegre e sem os
votos dos trabalhadores de Jacutinga, dificilmente a atual diretoria conseguirá
se reeleger.
Uma das coisas que mais causa indignação e revolta entre
os trabalhadores é que vários companheiros já foram demitidos por reivindicarem
seus direitos, e o sindicato de Pouso Alegre nunca reverteu nenhuma destas demissões.
Os chamados “estados de greve” nunca foram adiante, pois mobilizar bate paus
para uma greve seria inviável, enquanto que para garantir a dinastia da CUT gastam o que for
preciso.
É para romper com tudo isso que criamos o Sindimetal de Jacutinga e Região.
Queremos um sindicato de luta, sem peleguismo e conchavos com os patrões. Esse é
o desejo dos trabalhadores, que é soberano e deve ser respeitado!”.
Douglas Junio Costa - Sindimetal de
Jacutinga e Região
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