Tomaram posse no dia 9 de março os novos membros que
comandarão o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas)
pelos próximos quatro anos (2012/2016).
Com 97% dos votos, a nova direção, presidida pelo reeleito
Gilson Reis, apostou na renovação e consagrou-se vitoriosa na maior votação já
registrada na história do sindicato. Fundado em 1933, o sindicato atua em
defesa dos direitos dos professores da rede privada no estado e por uma
educação de qualidade.
Reconduzido à presidência do Sinpro Minas, o mineiro Gilson
Reis, nascido em Belo
Horizonte , é professor de Biologia e ativista político do
movimento ambientalista. Nos últimos 20 anos esteve à frente de importantes
lutas políticas e populares em
Minas Gerais e no Brasil.
Fundou e presidiu o Diretório Acadêmico da Faculdade
Metodista Izabela Hendrix, foi dirigente da União Nacional dos Estudantes (UNE)
e da CUT. Atualmente, além de presidente do Sinpro, ocupa a presidência da
CTB-MG.
Para Gilson Reis, a vitória nas urnas representou o
reconhecimento da categoria pelo trabalho realizado pela antiga gestão. Em
entrevista ao Portal CTB, o dirigente fala sobre o processo eleitoral e a
situação dos educadores da rede privada, que não é diferente da pública, pela
falta de valorização, de salários dignos e de condições de trabalho.
Confira a entrevista na íntegra abaixo:
Portal CTB: Mesmo com a antecipação do processo
eleitoral, a participação da categoria foi massiva. O resultado das urnas
representou o reconhecimento do trabalho realizado pela última gestão?
Gilson Reis: Em função da reforma do estatuto da
entidade, tivemos que antecipar as eleições em oito meses. Havia uma
preocupação quanto ao processo de mobilização da categoria, pois o estado é
enorme e o colégio eleitoral muito grande, porém topamos o desafio e tivemos
nas eleições sindicais a maior votação de todos os tempos, mais de 16 mil
votos. Com certeza, essa votação massiva foi o reconhecimento do grande
trabalho que realizamos no Sindicato.
Portal CTB: Ao longo dos últimos anos, período
em que você presidiu o sindicato, quais foram as principais conquistas obtidas?
Gilson Reis: O Sinpro Minas é hoje reconhecido
pela sua luta, organização e compromissos com os trabalhadores. Nesta gestão
realizamos dezenas de greves, ampliamos a comunicação em todos os meios
disponíveis, temos um programa de 20 minutos todos os domingos na Band (200
programas nos últimos três anos); revista científica “Extra-classe”, revista “Elas
por elas”, ampliação das sedes regionais, cursos de formação, congressos de
educação, fortalecemos a CTB, Fitee e Contee, renovamos a diretoria com 53
novos sindicalistas, eleições de representantes sindicais, lutamos pelo PDE -
Plano decenal de educação em Minas e Pelo PNE - plano nacional de educação, dentre
varias outras lutas e conquistas alcançadas no ultimo período.
Neste período realizamos duas greves gerais e dezenas de
greves por escolas. Denunciamos o processo de desnacionalização e
mercantilização da educação. Mantivemos todas as conquistas da categoria e
ampliamos direitos trabalhistas e organizativos. Reajustes reais de salários,
delegados sindicais, regulamentação inicial de EAD, unificação de pisos de
professores de educação infantil, ampliação de bolsas de estudos, mudança da
data base entre outras conquistas.
Portal CTB: Quais serão os desafios para a nova
diretoria?
Gilson Reis: Estamos diante de cinco grandes
desafios nesta gestão: 1 - Vincular a ação do Sinpro Minas ao projeto de
desenvolvimento nacional com valorização do trabalho, este projeto inclui lutar
pelas reformas estruturais que o país necessita e o Sinpro estará a frente:
comunicação, agraria, educacional politica, saúde e urbana. 2 - Avançar no
projeto de educação publica de qualidade, laica, universal e inclusiva. 3 -
lutar pelos 10 % do PIB para a educação. Estamos em processo de coleta de
assinaturas com esse objetivo, pela regulamentação do setor privado de educação
e pela construção do sistema nacional de educação. 4 - lutar incansavelmente
pela valorização dos trabalhadores em educação do setor privado e público. 5 -
Na esfera sindical, vamos denunciar as correntes patronais e liberais que
atacam a unicidade sindical e o imposto sindical, medidas decisivas para a
manutenção da organização sindical brasileira e para o avanço da nossa
mobilização e luta.
Portal CTB: A questão do piso salarial ainda
tem sido um problema para a categoria na maioria dos estados brasileiros. Como
é a situação no setor privado?
Gilson Reis: É um mito afirmar que escolas
privadas pagam bons salários. Existem algumas poucas escolas que têm como
política de valorização de seus profissionais. Podemos afirmar que na grande
maioria das escolas privadas os salários são muito baixos, o que leva os
profissionais de educação a trabalharem em dois ou três turnos, no que reflete
diretamente na qualidade da educação desenvolvida no país. A luta pela
valorização dos trabalhadores da rede pública está ligada ao setor privado, por
isso apoiamos o piso nacional e atual politica de reajuste dos pisos. É preciso
afirmar que valorização dos professores consiste em três pilares: piso
profissional, plano de carreira e formação inicial e continuada.
Portal CTB: Quais os principais desafios a
serem vencidos no setor privado?
Gilson Reis: Em primeiro lugar, a regulamentação
do setor privado, que hoje serve somente aos interesses do mercado; segundo,
combater o processo crescente de desnacionalização e mercantilização da
educação no país; terceiro, estabelecer regras mais claras para a avaliação da
qualidade educação privada, que vive um processo crescente de perda de
qualidade e sucateamento; quarto, estabelecer uma política permanente de
valorização dos trabalhadores em educação, fazer com que a juventude brasileira
se sinta atraída para a carreira docente e por fim, estabelecer uma politica de
Estado para colocar a educação em outro patamar. O país necessita de milhões de
profissionais qualificados para sustentar esse novo ciclo histórico aberto no
Brasil a partir de 2002.
Portal CTB: Essa mudança passa pela valorização
do professor?
Gilson Reis: Não existe educação de qualidade e
um projeto de nação desvinculado da valorização dois profissionais em educação. Por isso é
decisivo o debate em curso no país. Ou vamos estabelecer um novo patamar
salarial pata a atividade docente e para os profissionais em educação, ou então
não seremos capazes de elevar o país às condições históricas que hoje nos
apresentam.
Portal CTB: O Sinpro dará início nos próximos
meses à campanha salarial 2012 da categoria com o mote “Valorização começa com
ganho real”.Quais as principais reivindicações deste ano?
Gilson Reis: O centro da nossa pauta é
justamente esse: a valorização dos professores da rede privada, que consiste
nos três pilares acima descritos. Outro tema central em nossa campanha
reivindicatória diz respeito a organização da categoria nos locais de trabalho,
que é decisiva para o avanço de nossas conquistas e para a qualidade da
educação em Minas e no Brasil.
Portal CTB: Os professores da rede pública
realizam durante três dias (14,15 e 16) uma grande paralisação nacional, que
dentre outros pontos, reivindica o cumprimento do piso da categoria e a
valorização do trabalhador. O Sinpro está apoiando?
Gilson Reis: Essa paralisação nacional é
importante para denunciarmos os governadores e prefeitos que ainda insistem em
não praticar o piso do magistério, aprovado no Congresso Nacional e STF, a
exemplo do governo de Minas. Também é fundamental dizer que não aceitamos
retrocessos na lei que estabeleceu o piso e reajuste anual. O Sinpro Minas, que
esteve lado a lado na greve de 103 dias da rede estadual de educação com
contribuição política, financeira e de comunicação, novamente apoia os colegas
da rede pública estadual. A luta pela valorização dos trabalhadores em educação
é uma só, na rede publica e privada.
Cinthia Ribas – Portal CTB
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