A geração de riquezas e a
criação de empregos no Brasil serão discutidas nesta quinta-feira, 12, na
Assembleia Legislativa de Minas Gerais, durante o Ciclo de Debates “Em defesa da produção e do Emprego –
Contra a Desindustrialização”.
O encontro acontece a partir
das 14h30, no Plenário da ALMG, e vai contar com a participação de empresários
do setor industrial e trabalhadores das centrais sindicais. O requerimento para
o debate é do deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB).
O ciclo de debates é parte
das ações do movimento nacional “Grito de Alerta”, que discute o processo de
desindustrialização nacional e pede providências para garantir a
competitividade da indústria e, consequentemente, do emprego e da produção
nacionais.
O movimento mobiliza
empresários e sindicalistas em defesa da indústria. Às 13 horas, haverá uma
passeata simbólica do prédio do Banco Central, em Belo Horizonte , até
a Assembleia Legislativa.
A desindustrialização é um
fenômeno caracterizado por um longo período de queda da participação da
indústria na formação do Produto Interno Bruto (PIB) e no índice geral de
empregos.
O dado mais emblemático
desse processo no Brasil é que, em 2011, a participação da indústria no PIB foi de
apenas 14,6%, segundo o IBGE. O patamar é o mais baixo desde 1956, quando esse
segmento, que transforma matéria prima em bens de consumo ou itens usados por
outras indústrias, respondeu por 13,8% das riquezas produzidas no País.
Alguns setores específicos
têm sido mais impactados pela desindustrialização. É o caso da indústria
têxtil, importante para a economia mineira. O setor teve retração de 9,2% em
2011 em função da entrada cada vez maior de tecidos chineses no País.
Para o deputado Celinho do
Sinttrocel, é preocupante observar que a produção de um país como o Brasil
passa por um período de desaceleração industrial. “O reflexo dessa
desaceleração pode ser visto no chamado processo de desindustrialização que
atinge a economia nacional, que apresentou uma queda de 15% na indústria nos
últimos 30 anos”, ponderou o parlamentar.
Na opinião dele, para que
ocorra uma reversão deste quadro é necessário aplicar algumas medidas
emergenciais como o controle de remessas de lucro, a quarentena para o capital
especulativo, o controle de importações e uma política industrial de
substituições de importações.
O evento tem o apoio da
Fiemg, das Centrais e Entidades Sindicais e do Grito de Alerta em Defesa da
Produção e do Emprego e conta com a parceria de diversas entidades.
Desindustrialização no Brasil começou na década de 80
Segundo estudo realizado
pela consultoria da ALMG, a economia brasileira teria se
caracterizado por quadro de desindustrialização já nas décadas de 1980 e 1990,
marcado tanto pela redução da participação relativa do emprego industrial no
emprego total quanto pela queda da participação da indústria no valor
adicionado total da economia. Uma das causas apontadas para esse cenário teria
sido o baixo investimento realizado na economia brasileira.
Ainda de acordo com o
estudo, outro argumento que tende a reforçar a tese do processo de
desindustrialização em curso no País diz respeito à observação dos saldos da
balança comercial brasileira para as décadas de 1990 e 2000. Se por um lado a
balança comercial de “commodities” apresentou superávit crescente nestas
décadas, o saldo da balança de manufaturados retrocedeu para um déficit de 10
bilhões de dólares.
Em última instância, o
conjunto desses fatores aponta que o processo de desindustrialização que
parece estar em curso no País encontra suas causas na apreciação da taxa real
de câmbio resultante da valorização dos preços das “commodities” e dos recursos
naturais no mercado internacional.
A questão cambial, com a
valorização do Real, é reconhecida por especialistas como uma das causas da
desindustrialização. Outros fatores apontados são a alta carga tributária, que
torna os produtos brasileiros pouco competitivos; as taxas elevadas de juros e
os gargalos de infraestrutura (estradas e portos ruins e poucas ferrovidas), além
do alto custo da energia elétrica.
Programação do Ciclo de Debates
12 abril de 2012
14h30 – Abertura
- Dinis Pinheiro, presidente
da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
- Antonio Anastásia, governador
do Estado de Minas Gerais.
- Cláudio Costa, presidente
do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
- Antônio Carlos Andrada, presidente
do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais.
- Alceu José Torres Marques,
procurador-geral de Justiça do Estado de Minas Gerais.
- Andréa Abritta Garzon
Tonet, defensora pública-geral do Estado de Minas Gerais.
- Olavo Machado Junior, presidente
Federação das Industrias de Minas Gerais (Fiemg).
- Ângelo José Roncalli de
Freitas, presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM).
- José Calixto Ramos, presidente
da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI).
15h – Palestras
- Deputado Celinho do
Sinttrocel, vice-presidente da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras
Públicas e autor do requerimento para o Ciclo de Debates.
- Gilson Reis, presidente do
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) Minas.
- Dorothea Werneck, secretária
de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (a confirmar).
- Clélio Campolina Diniz, reitor
da Universidade Federal de Minas Gerais (a confirmar).
- Luiz Aubert Neto, presidente
da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
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