Parlamentares e educadores
defenderam em audiência pública esta semana na Câmara a importância do
cumprimento da lei que obriga as escolas públicas e particulares a ensinar história
e cultura afro-brasileira.
“Precisamos cumprir a lei
sancionada há dez anos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e divulgar
as experiências que deram certo pelo Brasil afora”, disse a deputada Iara
Bernardi (PT-SP), que integra a Comissão de Educação da Câmara.
Os participantes da
audiência lembraram que a questão racial só é “trabalhada” pelas escolas em
duas datas específicas: 13 de maio (data de aniversário da abolição da
escravatura, ocorrida em 1888) ou em 20 de novembro (Dia da Consciência Negra).
“Essa discussão precisa
fazer parte do nosso cotidiano, no entanto, a questão racial ainda é abordada
como uma questão folclórica. Além da política de cotas, precisamos discutir a
importância da cultura afro-brasileira na formação do nosso povo”, defendeu
Bernardi.
Outro problema apontado
pelos debatedores foi as dificuldades na formação de professores. Os cursos
superiores que formam os docentes, muitas vezes não incluem na grade curricular
a temática da história e da cultura afro-brasileira, restando às secretarias de
educação promover cursos de formação continuada de seus professores.
“Enquanto fazemos formação
continuada, os novos profissionais continuam sem formação”, reclamou o
professor da rede de educação básica do Paraná e advogado Celso José dos
Santos.
Avanços
Ao mesmo tempo em que a
formação de professores foi apontada como uma dificuldade, a secretária de
Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da
Educação, Macaé dos Santos, apontou a mesma formação como um avanço. “Antes da
lei sequer se pensava sobre o assunto”.
Ela destacou que, neste ano,
13,7 mil professores participam de especialização nas relações étnico-raciais.
O MEC vem dando apoio a estados e municípios para que eles construam uma agenda
de combate ao racismo, que ainda se reflete, por exemplo, na taxa de
analfabetismo absoluto entre pessoas com mais de 15 anos. Entre os brancos,
essa taxa é de 7,1%. Entre a população negra, o mesmo índice sobe para 16,9%.
Macaé dos Santos destacou
também a produção de material didático. Crianças e famílias negras hoje já são
representadas na literatura infantil. “Há dez anos, só se encontravam
personagens fantasiosos, caricatos, como o Saci-Pererê ou o Negrinho do
Pastoreio”.
Divulgação de experiências
Foi consenso entre os participantes
da audiência que as experiências de sucesso devem ser aproveitadas e
divulgadas. A secretária de Educação da Paraíba, Márcia Lucena, ressaltou que
cabe aos secretários da área institucionalizar as ações que surgem dentro da
escola.
“Na Paraíba, por exemplo,
pegamos o trabalho de uma escola quilombola e reproduzimos a experiência em
outras escolas da mesma região, porque essa realidade pertence a todos os
estudantes. Todos precisamos ser contaminados por essas iniciativas”, observou.
A deputada Iara Bernardi
(PT-SP), que sugeriu o debate, se comprometeu a trabalhar em conjunto com o
ministério a fim de divulgar as boas experiências. “Vamos ter publicações
conjuntas, inclusive das boas práticas, daquilo que foi feito de bom que possa
incentivar outras experiências em outras escolas brasileiras”, completou.
Fonte: Portal Vermelho.
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